sábado, 8 de dezembro de 2007

Sicko...




Não tenho tido tempo para fazer este post, mas hoje cá vai.


Há uma semana e tal, fui ao cinema ver o documentário de Machael Moore, "Sicko", sobre o sistema de saúde norte americano, ou melhor a falta de um sistema de saúde publico norte americano.
Segundo penso que quase toda a gente saberá, nos Estados Unidos, país do "sonho americano", das novas oportunidades, o país mais poderoso do mundo em termos económicos e políticos e militares, não tem um sistema de saúde digno desse nome, pois para a grande maioria dos americanos, ter direito a assistência médica mínima é sinónimo de ter um seguro de saúde, seguro esse que pagará as despesas de saúde que por infortúnio as pessoas venham a precisar, no entanto, não é isso que acontece.
Através de vários exemplos, Moore dá-nos uma ideia daquilo que na realidade acontece, e que talvez não seja assim tanto uma excepção á regra.
Por exemplo uma família de classe média alta, que trabalhou durante vários anos, e foi durante esse tempo pagando um seguro de saúde, porque por infortúnio marido e mulher começaram a ter uma série de problemas de saúde que o seguro foi pagando, ela apanhou um cancro, e ele teve vários AVC's, o que o fez precisar de várias intervenções cirúrgicas, no fim da história ficaram na miséria, pois devido aos cuidados que necessitavam os prémios do seguro aumentaram de tal forma que até a casa onde viviam tiveram de vender... Ou ainda o caso de um trabalhador de uma serralharia, sem seguro, e que cortou dois dedos, foi para o hospital e lá disseram-lhe que recolocar o anelar custaria 12 mil dólares, e o médio, 60 mil, os dois como é bom de ver seria a soma, o senhor optou só pelo mais barato...
Neste caso ainda o doente tinha algum dinheiro, noutros, são os doentes que se têm de curar a si próprios, mudando pensos, ou cosendo cortes...
Pior foram os casos em que algumas pessoas seguradas, e em que tiveram problemas de saúde, e os seus tratamentos médicos foram rejeitados, ou alegando que não é certa a cura, ou que o tratamento é experimental, sendo isso o mais comum, descobriu-se depois, que nem são os médicos que indeferem os pedidos, pois muitos deles tem carimbos com as suas assinaturas, mas adquire-se algum grau de perversidade quando se vêm uma relação directa entre os aumentos ordenados dos médicos das seguradoras, e o numero de rejeições de pedidos efectuados... Existindo muitos deles que por quase tudo rejeitarem, e assim pouparem milhões de dólares as seguradoras, são aumentados em muitos milhares de dólares. Referiram ainda que, muitas vezes, quando outro remédio não há, para não gastarem, contratam verdadeiros detectives, para averiguarem a vida das pessoas, e para descobrirem se alguns factos foram omitidos quando a pessoa fez o seguro, de modo a que lhe possam cancelar o seguro, mostraram um caso assim, em que a uma rapariga lhe apareceu um tumor, pediu a operação a seguradora, e esta cancelou-lhe o seguro, porque não referiu ter tido varicela ou outra doença insignificante quando era criança...
Fala-se igualmente nos subornos de toda a administração de Washington para impedir que se crie um sistema de saúde publico eficiente, e depois compara-se isso tudo, com o que se passa no Canada, no Reino Unido, ou em França, países esses, que tem um sistema de saúde gratuito, e que não são socialistas/comunistas, pois, para certos americanos, ter sistema de saúde gratuito é só sinónimo apenas desses tipos de regime... E dão depois o exemplo de Cuba, um país comunista, que vive na miséria, mas que mesmo assim tem dos melhores sistemas de saúde públicos do mundo.
Como se costuma dizer, no meio é que está a virtude, e é assim que eu penso, não se quer cair nos exageros norte americanos, que levam a uma completa indiferença com os outros, onde a vida da pessoa é quantificada de tal maneira, que é frequente alguém doente ir ao hospital, e por falta de seguro ou dinheiro ser posto na rua, claro que o caso de Cuba, não se peca pela saúde, mas peca-se pelo mais básico, a alimentação, vivem na miséria, segundo tenho ouvido falar, por exemplo o leite de vaca, é dado aos bebés até aos dois ou três meses, não o podendo mais consumir a partir daí, pois a sua carência é extrema.
É por isso que digo, o Sistema social Europeu, tão criticado por muitos, quer a direita quer á esquerda, acaba por ser, apesar de todas as suas ineficiências, por vezes muito graves, ainda o que melhor temos face aos demais países, proporciona-nos saúde gratuita, e permite-nos estas no top dos países com melhores condições de vida, apesar de tudo.
Não deixa de ser irónico, que logo isto ocorra nos EUA, que se apelidam a si próprios de exemplo do mundo livre, país da riqueza, de todas as oportunidades, mas que no entanto deixa morrer os seus cidadãos por falta de cuidados de saúde.
Por estas e por outras que digo, os EUA não são exemplo para outros países, apesar de eles próprios continuarem a insistir no contrário...